Transbordar alegria



Já experimentei dias na vida, que estava me sentindo tão mal e insignificante que se alguém me dissesse que um dia eu iria transbordar de alegria, eu duvidaria veemente. 

Neste fim de semana, durante uma dança com um tio muito querido, eu sussurrei no ouvido dele 'gratidão, estou transbordando de alegria'. 

Eu realmente sentia como se houvesse algo fluindo do meu corpo, de dentro para fora e emanando para todos os presentes. Uma sensação tão gratificante. O melhor foi perceber que ao meu redor tinha muitas pessoas queridas que estavam compartilhando do mesmo sentimento de alegria e gratidão.

Fazia tempo que eu não me reunia com a minha família e desta vez, programamos uma festa temática: "De volta aos anos 70". 

Adoro ter sempre algo bom para esperar. E quem disse que a ansiedade tem sempre que ser algo ruim. Quando a gente combina estas festas temáticas, gera uma ansiedade boa em todo mundo. Em especial, a ansiedade de se vestir a caráter e entrar no clima da festa. 

Neste ano, foi ainda mais especial, pois este tio querido está sofrendo de Parkinson, com episódios de demência. Mas ele parecia o mais animado para a festa. Ele estava ansioso para colocar a beca do Elvis Presley e arrasar. 

Para alegria de todos, ele se sentiu muito bem disposto o dia todo. Estava muito animado e me concedeu uma dança especial ao som de Elvis Presley, é claro. Neste momento, eu transbordei. A alegria foi tão grande que não cabia dentro de mim.

Meu tio sabe o quão rápido está o progresso da doença, e diz que está preparado para a morte. Afinal, a morte faz parte da vida. Num momento desses, a gente percebe que não há motivos para apegos desnecessários. Apegos a velhas mágoas, rancores, traumas, dramas, dores, pesos. A gente morre sem morrer para tudo isso e apenas flui leve com a vida, como sempre deveria ter sido.



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